9º ANO A e B - GEOGRAFIA.
Conteúdo: As contradições e adversidades do Continente Africano.
Continente Africano – Tudo Sobre a África
O continente africano possui cerca de 30 milhões de km2
distribuídos em 54 países. Algumas ilhas são de grande importância
histórica como entrepostos comerciais ou áreas de colonização – Madeira,
Canárias, Cabo Verde, São Tomé, Comores e Madagascar.
É um continente subdesenvolvido econômica e socialmente, apresentando grandes contrastes:
por um lado, boa extensão territorial, uma boa diversidade climática e
de paisagens naturais e uma grande riqueza mineral; por outro, forte
instabilidade política, graves problemas sociais e acentuada dependência
externa.
O
continente limita-se ao norte com o Mar Mediterrâneo, apresentando a
menor distância da Europa, via Estreito de Gibraltar, entre Marrocos e
Espanha; a nordeste com o Mar Vermelho, separando-se da Ásia pelo Canal
de Suez (canal artificial no Egito); a leste com o Oceano Índico; a
oeste com o Oceano Atlântico; ao sul pelo encontro dos oceanos Atlântico
e Índico.
Climas do continente africano
A África é
cortada pelos trópicos de Câncer (no norte) e de Capricórnio (no sul) e
pelo Equador no centro do continente. Esta condição favorece uma forte
simetria na distribuição climática nas porções do continente que se
encontram nos hemisférios sul e norte.
A variedade de climas é
influenciada pela interação dos fatores climáticos, em especial da
latitude (daí a simetria na distribuição dos climas).
A localização de grande parte da África na zona intertropical explica o predomínio de climas quentes (tropicais) no continente.
As
áreas de desertos litorâneos são explicadas pelas correntes frias de
Benguela e das Canárias, assim como a elevada umidade e precipitação em
outras áreas do litoral se justificam pelas correntes quentes da Guiné e
das Agulhas.
Os climas superúmidos e quentes são encontrados na
região central, em especial na porção ocidental. Já os climas mais frios
são encontrados nas regiões mais elevadas no extremo norte (cadeia do
Atlas) e nas áreas dos lagos tectônicos, enquanto o clima mediterrâneo é
encontrado nas áreas extratropicais.
Percebe-se, portanto, que é
incorreto associar a pobreza e o desenvolvimento da África ao clima
desértico e à escassez de chuvas, já que grande parte do território não
apresenta predomínio de climas secos.
- Equatorial: Bastante úmido, com elevadas médias térmicas (25 ºC) e baixa amplitude térmica.
- Tropical: Temperaturas elevadas o ano todo, com um período seco e outro chuvoso.
- Semiárido: Quente o ano todo e baixa umidade e pluviosidade.
- Árido ou desértico: Seco e elevada amplitude térmica diária.
- Mediterrâneo: Seco, com chuvas na primavera.
- Tropical de altitude: Temperaturas amenizadas pela altitude. Nas áreas equatoriais de elevadas altitudes a temperatura é baixa e pode ocorrer gelo nos picos das montanhas.
Esta
diversidade climática em interação com a diversidade de solos e de
relevo contribui para a diversidade das paisagens naturais e das
formações vegetais, como mostra o mapa a seguir.
Vegetação do continente africano
Destacam-se na África as formações de savanas por
extensas áreas do continente, onde a agricultura e a pecuária têm
contribuído para o desmatamento, as migrações de espécies e a extinção
de muitas outras.
Nas áreas equatoriais ocorrem as florestas latifoliadas (destaque para a Floresta do Congo), que têm sido desmatadas para a exploração madeireira e para a prática agropecuária.
Nas áreas de estepes (climas semiáridos), o desmatamento tem contribuído para a expansão dos desertos, em especial no Saara, em cujo extremo sul ocorre a desertificação de uma extensa área na região denominada Sahel.
Nas áreas desérticas, a ocorrência de vegetação é bastante rarefeita e quando ocorre é na forma de xerófilas
(plantas pouco desenvolvidas, com folhas em forma de espinhos, pequena
estatura, retenção de água no interior e pequena diversidade).
Destacam-se os desertos do Saara, Kalahari e Namíbia.
Nas áreas mais úmidas (vales, margens de rios ou espaços litorâneos) ocorrem os oásis,
onde geralmente se praticam a agricultura e a pecuária de subsistência e
ocorre a formação de pequenos aglomerados urbanos/populacionais.
Nas áreas de clima mediterrâneo tem-se a formação de maquis e garrigues,
vegetação que vem sofrendo desmatamento para a instalação dos cultivos
de oliveira, uva e frutas cítricas, bem como a criação de animais.
Geologia e geomorfologia
O
relevo e a geologia da África apresentam um grande predomínio de
extensos planaltos antigos e desgastados por longos períodos erosivos.
Muitas destas áreas são de formação do Pré-Cambriano e apresentam grande
riqueza mineral.
As áreas mais elevadas ocorrem no extremo norte com a cadeia do Atlas (formação geológica recente: era Cenozoica,
período Terciário) e as áreas dos lagos tectônicos na porção
centro-oriental. Destacam-se também as planícies fluviais (em especial a
do Rio Nilo) e litorâneas, onde ocorre a concentração de grande parcela da população africana. As principais formações montanhosas são:
- Cadeia do Atlas: localizada no extremo norte (Marrocos, Argélia e Tunísia), voltada para o mar Mediterrâneo e formada a partir do movimento convergente das placas Africana e Euroasiática;
- Cadeia do Cabo: localizada ao longo da costa meridional, voltada para o Índico, na África do Sul;
- Maciço da África Centro-Ocidental: estende-se da Guiné-Bissau até Camarões, acompanhando a costa voltada para o oceano Atlântico;
- Maciço da África Centro-Oriental: localiza-se da Somália até a Tanzânia, paralelamente ao oceano Índico. De origem vulcânica, apresenta os pontos mais elevados do continente: montes Kilimanjaro (5.895 m), na Tanzânia, e Quênia (5.199 m), no Quênia.
O predomínio de relevos antigos e desgastados
contribui para a ocorrência de terrenos planos ou pouco acidentados, que
favorecem a prática agrícola e a da pecuária. Por outro lado, os
terrenos Pré-cambrianos são ricos em minerais metálicos. Nas planícies, é
intensa a atividade agrícola, e nas de formação antiga ocorrem petróleo
(golfo da Guiné, Magreb e costa ocidental) e carvão mineral (África do
Sul).
Africa: político.
Hidrografia da África
A
África não é um continente rico em rios, mas também não pode ser
considerada pobre. Apenas nas áreas desérticas a pobreza fluvial pode
ser considerada e, mesmo assim, deve-se destacar a importância do Rio Nilo e dos rios temporários.
Além do Nilo, a maior porção do continente apresenta-se bem servida de rios intermitentes
(permanentes) de grande extensão – Congo, Níger, Zambezi, Kazai,
Shabeelle, Orange, Limpopo, que drenam territórios de vários países.
Os lagos
também apresentam grande importância para a África, apesar de, assim
como os rios, estarem desigualmente distribuídos pelo continente.
Destacam-se os lagos tectônicos: Vitória, Tanganica e Niassa (Malauí).
O
continente apresenta um extenso e pouco recortado litoral. A
localização da África em frente de oceanos e mares lhe confere uma
situação bastante privilegiada: é banhada pelo oceano Atlântico, que a
liga com a América e a Europa; o oceano Índico, que a liga com a Oceania
e parte da Ásia; o mar Vermelho, que a liga à Ásia (Oriente Médio); o
mar Mediterrâneo, que a liga à Europa.
Deve-se destacar também a importância do Canal de Suez,
que interliga os mares Vermelho e Mediterrâneo e é, portanto, uma
importante infraestrutura de transporte marítimo que liga Ásia, Europa e
África. O transporte através do canal tem grande importância histórica
para o fluxo de petróleo golfo Pérsico-Europa, mas na atualidade
enfrenta limitações quanto às dimensões, que são estreitas para os
navios modernos supercargueiros.
População africana
Atualmente,
a África apresenta uma população de aproximadamente 1,2 bilhões de
habitantes. Os países mais populosos são Nigéria e Egito, as áreas mais
populosas são as litorâneas e o vale do Nilo e Níger, enquanto as
regiões litorâneas são extensas áreas de vazios demográficos.
A maior parte da população africana vive no campo
(cerca de 70%), em razão da economia primária dependente da agricultura
e da pecuária extensivas e de parte da população ainda viver do sistema
produtivo de subsistência. A industrialização e a urbanização ainda são
processos tímidos no continente e contribuem ainda para a manutenção da
maioria da população no campo.
As maiores cidades ou aglomerações
são Cairo e Alexandria (Egito), Luanda (Angola), Lagos (Nigéria),
Casablanca (Marrocos), Argel (Argélia), Cidade do Cabo e Johannesburgo
(África do Sul).
Apresentam graves problemas urbanos em razão do
acelerado crescimento populacional nos últimos anos, formando uma
periferia miserável, onde se concentram vários problemas:
submoradias, ausência de saneamento básico, pequeno acesso aos
transportes e à comunicação, forte degradação ambiental, ausência de
serviços de educação e saúde, subnutrição e mortalidade infantil, entre
outros.
Condições de vida
Os indicadores sociais são precários
para a maioria da população e a precariedade das condições de vida é
encontrada tanto no campo quanto nas cidades. O continente africano
apresenta os piores indicadores dentre todos os continentes. A
quantidade de famintos, subnutridos, analfabetos, desempregos e
informais é superior à metade da população na maioria dos países.
Economia africana
O
continente africano é o único que não apresenta um único país
desenvolvido econômica e socialmente. O produto interno bruto do
continente é inferior ao de vários países ricos e emergentes,
correspondendo a pouco mais de 1% do total mundial.
A herança colonial, o modelo de colonização e o longo período de exploração contribuem em grande parte para esse quadro de subdesenvolvimento. A economia primária predomina em todos os países, exceto na África do Sul, único país africano industrializado.
A dependência de uma economia primária agropecuária e mineradora demonstra que o continente ainda não se libertou do colonialismo, mesmo após aproximadamente meio século de independência política.
A
especialização econômica na produção e exportação de produtos do setor
primário significa ao continente uma participação insignificante no
comércio mundial, já que esses produtos apresentam baixo valor agregado,
além de, em grande parte, terem seus preços determinados pelos países
ricos e por suas multinacionais ou bolsas de valores.
Os países da África caracterizam-se como exportadores agro minerais,
com exceção da Argélia, do Egito e da África do Sul, que possuem maior
desenvolvimento industrial em razão de abastecer o mercado interno.
Todos são, em contrapartida, importadores de produtos industrializados e
alimentos.
Na agricultura, a dependência externa
não é menor, em razão de a África não ter superado sua participação
dependente nas Divisões Internacionais do Trabalho anteriores:
especialização na produção e exportação de gêneros agrícolas para
abastecer os países ricos, em especial a Europa.
A pecuária
é pouco desenvolvida no continente em razão dos baixos investimentos e
do predomínio da prática extensiva bastante dependente das condições
naturais – em regiões de climas árido e semiárido a precariedade da
produção é um entrave ao desenvolvimento.
No geral, as condições
herdadas da história colonial e as atuais determinam problemas
estruturais na economia e na sociedade africanas que dificultam o
desenvolvimento: ausência de capitais internos e dificuldades de atrair
capitais externos (guerras, conflitos, pequeno mercado consumidor), mão
de obra pouco qualificada, pequena integração entre as economias
nacionais africanas, precariedade da infraestrutura (transporte,
comunicação, rede elétrica etc.).
Fonte: Continente Africano.
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